sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Poema de Natal


Há muito que procuro um poema de Natal adequado...
Encontrei este poema de Natal que tem a simplicidade que procurava.
É de Vinicius de Moraes

De repente o sol raiou


E o galo cocoricou:


— Cristo nasceu!

O boi, no campo perdido                                  
avonews.blogspot.pt
Presépio (de avonews.blogspot.pt)
Soltou um longo mugido:

— Aonde? Aonde?

Com seu balido tremido
Ligeiro diz o cordeiro:

— Em Belém! Em Belém!

Eis senão quando, num zurro
Se ouve a risada do burro:

— Foi sim que eu estava lá!

E o papagaio que é gira (1)
Pôs-se a falar: — É mentira!

Os bichos de pena, em bando
Reclamaram protestando.

O pombal todo arrulhava:
— Cruz credo! Cruz credo!

Brava
A arara a gritar começa:

— Mentira! Arara. Ora essa!
— Cristo nasceu! canta o galo.
— Aonde? pergunta o boi.
— Num estábulo! — o cavalo
Contente rincha onde foi.

Bale o cordeiro também:

— Em Belém! Mé! Em Belém!

E os bichos todos pegaram
O papagaio caturra
E de raiva lhe aplicaram
Uma grandíssima surra.


Retirado de: http://www.escolakids.com/vinicius-de-moraes.htm

(1) A palavra «gira» é um substantivo que significa «indivíduo amalucado», como se encontra no Dicionário. As coisas que uma avó vai sabendo! Oh Sacrossanta ignorância! O que eu luto contra ela!!!

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