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domingo, 31 de dezembro de 2017

História Antiga ou Poesia no Natal

A mãe do T. tinha-lhe lido o poema de Herodes, o tal das tranças que não gostava de crianças...
O T. gosta muito de histórias, de livros e nota-se que é muito sensível às palavras.
Assim, depois de ter decorado e dito a poesia anterior com os primos, quis a do rei que não gostava de crianças... (aliás, uma das suas perguntas quando chegou no dia em que íamos fazer o presépio era se tínhamos o rei que não gostava de crianças...). Então, decidi apoiá-lo e seleccionei uma parte do poema, a que me pareceu mais acessível. Assim foi. Servi de ponto e o T. lá foi dizendo (repetindo)

Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabestro
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.

Só que não ficou satisfeito... faltava dizer "que não gosta de crianças..."
Conclusão... Treinei com ele uma vez - eu dizia e ele repetia - e lá fomos fazer novamente a apresentação ao público. Desta vez, com o poema COM-PLE-TO! Então, depois de repetir a primeira estrofe, continuámos

E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.

Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenino
Que  vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher o mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
Miguel Torga

Andresen, Sophia de Mello Breyner (selecção). (1991). Primeiro Livro de Poesia. (7ª ed.). Lisboa: Caminho, p.77


imagem retirada de http://geopedrados.blogspot.pt/2007/12/natal_22.html

Pus-me a contar as estrelas ou Poemas no Natal




Pus-me a contar as estrelas
com a ponta da minha espada
comecei à meia-noite
e acabei de madrugada

Pus-me a contar as estrelas
com a ponta da bainha
comecei à meia-noite
e acabei de manhãzinha

Pus-me a contar as estrelas
sobre a pedra da coluna
contei: sete, seis e cinco
quatro, três, duas e uma.

Vieira, Alice (1994). Eu bem vi nascer o Sol. Antologia da poesia popular portuguesa. (2ª ed.). Lisboa: Caminho, p. 127.



Este ano, pensei que os netos podiam fazer uma surpresa à família no dia de Natal. Seleccionei um poema simples e, juntamente com o J., o mais velho, decidimos como seria a apresentação. Cada um decorou a sua parte e foi um momento memorável!!!

A primeira estrofe coube ao J.

A segunda, ao T.

A terceira à C. que, no último verso, foi acompanhada pelo J.

E foi vê-los, sem um engano, cada um na sua vez...

E, no final, os exuberantes agradecimentos! O T. então, quase chegava com a cabeça ao chão...



Presépio, uma visita inesperada

No dia em que o T. esteve dedicado a construir a cidade de Jesus, a C. teve um compromisso social. Mesmo assim, quando chegou, arranjou modo de reconstruir quase tudo e de fazer a sua Barbie tomar parte daqueles que vieram adorar o Menino!!







Presépio de Natal ou a cidade de Jesus - em construção

É sempre com grande entusiasmo que os netos participam na organização do presépio. Já era natal por todo o lado, principalmente nas catedrais de consumo, e ainda a nossa casa permanecia discreta sem sinais de natal, quando o T. pergunta se já tínhamos... qualquer coisa que não conseguíamos perceber... Até que exclama, rápido e decidido:
- Avô, a cidade de Jesus!
É claro! O T. queria saber quando é que ia fazer a cidade de Jesus!
Qual pinheiro de Natal, qual Pai Natal! A cidade de Jesus, pois!

A cidade de Jesus em construção

I. É melhor que os Reis Magos se ponham já a caminho!



II. As ovelhinhas devem estar bem juntinhas, não vá acontecer perderem-se...



III. É altura de começar a pensar em aquecer e preparar a gruta onde vai ficar o menino "com os pais"...


Desta vez, o J., ciente da sua maior idade, deixou que o primo, tranquilamente, se entretivesse com as muitas figuras que povoavam a cidade. Ele já tinha dado apoio ao avô, que as cidades prontas para ser habitadas precisam de quem lhes prepare o terreno e faça o chão...

sábado, 20 de agosto de 2016

A idade da razão



7 anos. Descobre-se que o Pai Natal não existe.

Foi a primeira coisa que o J. disse, ainda no aeroporto, enquanto esperavamos pelas malas.
- Sabes que o Pai Natal não existe?
- Quem disse?
- Um amigo meu.
- Pois.- é a melhor resposta quando não se tem nenhuma. Foi bom o J. continuar a falar da sua descoberta com grande naturalidade, pois eu estava a sentir-me comprometida sem saber o que dizer. Como habitualmente, socorro-me do avô.
- Temos que contar isso ao avô. - E pouco depois do reencontro, a conversa foi retomada. Acho que com receio de ficarmos mal vistos, procurámos sair do dilema:
 - Avós, gente crescida, a acreditar no Pai Natal? Bahaa...
Ou
- Avós, gente crescida a pregar partidas, a dizer inverdades (como agora sói dizer-se)??!!!.
  Lá fomos dizendo que isso do Pai Natal não é bem, bem, não existir. Não existe daquela forma, um homem rechonchudo de barbas brancas e de barrete encarnado (apesar do avô ser bastante parecido com ele!!), mas existe um bocadinho. E lá fomos explicando a teoria do existir um bocadinho, do existir de outra forma... e da necessidade da existência. Conversa muito filosófica, pois.
Acho que o J. percebeu e não ficou muito preocupado com eventuais contradições. Apoiado no dado insofismável da notável parecença do avô e do Pai Natal, resolveu o problema:
- Vou dizer ao meu amigo que existe, mas é o meu avô!!!!!"

Parece-me que, melhor do que nós, as crianças entendem que a razão não tem que se opor à imaginação, nem a realidade ao sonho e à fantasia.





Ambas as imagens foram retiradas de http://chicana.blogs.sapo.pt/tag/natal




sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Poema de Natal


Há muito que procuro um poema de Natal adequado...
Encontrei este poema de Natal que tem a simplicidade que procurava.
É de Vinicius de Moraes

De repente o sol raiou


E o galo cocoricou:


— Cristo nasceu!

O boi, no campo perdido                                  
avonews.blogspot.pt
Presépio (de avonews.blogspot.pt)
Soltou um longo mugido:

— Aonde? Aonde?

Com seu balido tremido
Ligeiro diz o cordeiro:

— Em Belém! Em Belém!

Eis senão quando, num zurro
Se ouve a risada do burro:

— Foi sim que eu estava lá!

E o papagaio que é gira (1)
Pôs-se a falar: — É mentira!

Os bichos de pena, em bando
Reclamaram protestando.

O pombal todo arrulhava:
— Cruz credo! Cruz credo!

Brava
A arara a gritar começa:

— Mentira! Arara. Ora essa!
— Cristo nasceu! canta o galo.
— Aonde? pergunta o boi.
— Num estábulo! — o cavalo
Contente rincha onde foi.

Bale o cordeiro também:

— Em Belém! Mé! Em Belém!

E os bichos todos pegaram
O papagaio caturra
E de raiva lhe aplicaram
Uma grandíssima surra.


Retirado de: http://www.escolakids.com/vinicius-de-moraes.htm

(1) A palavra «gira» é um substantivo que significa «indivíduo amalucado», como se encontra no Dicionário. As coisas que uma avó vai sabendo! Oh Sacrossanta ignorância! O que eu luto contra ela!!!

domingo, 21 de dezembro de 2014

Os Smurfs e o Natal


Uma proposta para os meus netos.
Muito especialmente para o J., que gosta muito destes homenzinhos azuis...