domingo, 16 de dezembro de 2018

Quebra-nozes



Hoje, 16 de dezembro de 2018 (mas porque é que estes cartazes não têm o ano?) fui com a C. o T. e respetiva mamã, assistir ao bailado "O Quebra-Nozes". Foi o bailado inaugural do T. (como espectador, está bem de ver). Fora a interrupção quase no final para uma urgência, esteve muito bem (pudera, também esteve sempre ao colinho...). A C. é que, diferentemente do habitual, teve muita dificuldade com o 2º acto. Tenho que dizer que a compreendi. Há aspectos lúdicos e narrativos na 1ª parte que se vão perdendo na 2ª. O bailado propriamente dito, os diversos momentos, são extraordinários. Mas acabam por aparecer quase mecanicamente perdendo-se a dimensão da história e da fantasia que só é retomada mesmo quase no final. Além disso, não se sentia muito bem disposta. Acontece. Conclusão: valeu a pena. Para o ano podemos repetir que não faz mal. 




A coreografia deste espectáculo é de Mehmet Balkan, os cenários e Figurinos de Olaf Zombeck. E à falta de imagem/ de video deste espectáculo, deixo aqui um breve apontamento da versão de 2014 pela mesma Companhia Nacional de Bailado, coreografia de Fernando Duarte e encenação e dramaturgia de André e. Teodósio. Comentário à parte, a minha memória é mesmo uma desgraça. É que também fomos ver este espectáculo e apenas tenho dele uma ideia vaga e imprecisa. Diria que a encenação foi mais original e apelativa. (ver aqui post de 27 de dezembro).








domingo, 16 de setembro de 2018

Da diferença entre "escrever" e "ler"


"Eu sei escrever. Não sei é ler"

É claro que isto é uma evidência para o T. Só não é para os adultos. Para certos adultos, de mentes formatadas, sem ponta de imaginação. Pois se
isto não é exemplo de escrita, é exemplo de QUÊ?



Os adultos que não compreendem isto são os mesmos que não compreendem que isto NÃO É um chapéu:



NB. A quem tiver dificuldades em compreender este post aconselha-se a (re)leitura de "O Principezinho". Se não sabe quem é o autor, nem vale a pena preocupar-se, o seu estado é irrecuperável.







sábado, 8 de setembro de 2018

Tem segredos


 - Ó T., tem segredos!...

     Ouço a C. dizer para o T., envolvendo-o e falando-lhe quase ao ouvido, quase em sussurro, depois de ter recebido o Diário que tinha pedido...Com chave, a chave é fundamental!


       Que livro misterioso é este com uma chave e que guarda segredos? Um livro com segredos!!! É coisa cheia de mistério... 

- Ó Mãe, também quero um Diário, diz o T.

Sou quase adolescente!!!

A C. fez sete anos em março. 

Há já algum tempo, ainda não era tempo de férias, portanto, os sete anos eram ainda bem fresquinhos, encontro-a, juntamente com o mano (com cinco anos), olhando para a TV atentamente. Já tinha acabado o programa anterior e estava a dar uma daquelas séries que, embora nunca tenha conseguido ver por completo, me fazem logo considerar de qualidade suspeita ao ouvir a má dobragem, umas vozes muito gritadas com gente adolescente pelo meio representando pior do que os iniciantes dos Morangos com Açúcar... Sendo assim, disse-lhes que era melhor procurar outro programa porque aquele não era para a idade deles, era para meninos mais crescidos. 
    Resposta pronta da C. em tom meio indignado e com olhar cúmplice...

Ó vó, eu sou quase adolescente!!!


Imagem retirada de http://umagarotaadolescente2012.blogspot.com/2013/06/desenhos-e-imagens.html



sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Picasso

Continua o périplo dos meus netos pelas exposições em Londres. Desta vez Picasso, na Tate Modern. 
      "A exposição “Picasso 1932 – Love, Fame, Tragedy” vai juntar cerca de 100 obras (entre pinturas, esculturas e desenhos e alguns objectos pessoais) e vai construir um olhar detalhado sobre o dia a dia do ano de 1932 na vida do escultor, ceramista, cenógrafo, poeta e dramaturgo espanhol Pablo Picasso.
Com duas grandes exposições em 1932, Pablo Picasso quis mostrar ao mundo que era “o maior artista vivo”, para superar também Henri Matisse ou Georges Petit, e pintou furiosamente vários telas em apenas um dia, revelou a curadora Virginie Perdrisot." in https://www.comunidadeculturaearte.com/tate-modern-em-londres-vai-dedicar-pela-primeira-vez-uma-exposicao-a-pablo-picasso/



Não sabemos o que os olhares e a memória infantis irão reter... Não sabemos o que um olhar infantil pode captar. 

   A propósito, lembro-me de ter visto uma exposição sobre Picasso, há muitos anos, com o meu filho mais velho, que não teria mais de 4 anos. Lembro-me que o tinha ao colo quando, perante a Guernica pergunta de rompante                                       
                          Mãe, porque é que o cavalo está a gritar?
Imagem retirada de http://www.museoreinasofia.es/coleccion/obra/guernica

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Na Inglaterra parece que é sempre inverno...

Não é a primeira vez que a C. comenta o estado do tempo em Londres... Há cerca de 3 anos (sim, confirmei, foi há 3, três) num post datado de 18 de agosto de 2015, faço referência às estações do ano e ao desconcerto do tempo por terras lusas. Foi isto a propósito de um comentário da C. que, vinda do Chipre, da praia e do calor, chegada a terras de sua Majestade, considerou que estava inverno. Tinha, então, 4 anos. Agora, três anos volvidos (reafirmo não estar enganada), conhecedora das quatro estações do ano, mais consciente da diferença entre "parecer" e "ser" (ou "estar") comenta  

Aqui parece que é sempre inverno


     Porém, quando a C. aprecia o tempo londrino e diz que "parece inverno", está a pensar no "nosso" inverno, não no inverno  londrino. Estou a ver bem?


Acrescenta, ainda, já dada a subtilezas da psicologia

As pessoas tristes...
 Nunca sorriem...

Eu sou de Portugal, mas gosto da Grécia




   Eis uma foto do Partenon nos dias de hoje, visitável na cidade de Atenas, na Grécia. O Partenon é um templo erigido à deusa Atena, no século V a. C., na Grécia Antiga, sob o governo de Péricles.  São ruínas, mas ainda é possível imaginar a sua original grandeza...

Imagem retirada de https://www.infoescola.com/grecia-antiga/partenon/
    
    A próxima imagem é uma reconstrução feita em computador. 


E aqui temos uma bela aguarela imaginando-a na Acrópole, lá bem no alto! 




  A Acrópole nas cidades da Antiguidade é o equivalente aos centros das cidades de hoje, onde se concentravam os edifícios e as atividades mais relevantes, onde os cidadãos se encontravam para tratar de assuntos públicos.   

   Se conseguíssemos trazer todas as peças que estão no Museu Britânico em Londres e se a elas juntassemos as que estão no Museu da Acrópole em Atenas, com jeitinho, ainda conseguiríamos reconstruir o Partenon!!! E depois? Depois era uma problema porque a poluição de Atenas estraga tudo!!!

Bem...mas o que fazem os ingleses no meio disto?
🤔

Ora, Ora, isto são coisas da História!!! Passaram-se muitos anos desde que o Partenon foi construído em honra da deusa Atena, e, como diz o ditado, muita água correu sob a ponte...


Abreviando, que isto não é história só para um post, os ingleses andaram por terras de gregos e, alguns deles, acharam as esculturas do Partenon tão bonitas que não resistiram e trouxeram-nas para Londres. 

Cavaleiros...


Homem lutando com Centauro (metade homem, metade cavalo)

   Verdade se diga que as têm tratado bem! Estão preservadas e estão expostas ao público. Mesmo assim, os gregos não acham muito bem que esculturas que pertencem a um monumento da sua cidade, e que foram de lá levadas sem o seu consentimento, não retornem ao seu país! Essa situação causa algum mal estar e não está resolvida.

   Ora, a mãe da C. e do T. resolveu dizer qualquer coisa parecida com isto na última visita dos pimpolhos ao British Museum...
Lá os estou a imaginar percorrendo esta sala...



   Ouvindo tal história, o T., que tem pouca ou nenhuma fleuma, é o que se diz jovem que ferve em pouca água, reagiu, e disse no que parece um grito de revolta

"Eu sou de Portugal, mas gosto da Grécia. Respeitem a Grécia. Estou furioso."




Nota - as imagens aqui reproduzidas foram retiradas de
https://www.theacropolismuseum.gr/

https://blog.britishmuseum.org/an-introduction-to-the-parthenon-and-its-sculptures/?_ga=2.117449537.998615962.1536073960-307649176.1536073960

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Maria João Pires no país dos miniaturistas...

     Chegará o dia em que os meus netos, assim o creio, hão-de ouvir falar de Maria João Pires. Eu tive o privilégio de a ter visto. A primeira vez, visão que me impressionou, foi a meados da década de 80 (não sei precisar o ano) num concerto na cidade de Évora. Figura frágil, parecia esvoaçar naquele vestido fluido que fez da sua entrada em palco um deslizar. Fixei essa imagem e sempre que me lembro dela vejo-a nesse vestido longo e leve, cor de céu a anoitecer, a dirigir-se ao grande piano ao qual se abraçou e com o qual se agigantou. 
    Sempre me impressionou em todos os aspetos... a sua figura, a sua beleza, a sua expressão, as suas ideias, a sua sensibilidade, o seu talento. Para mim, desde muito cedo, reunia tudo o que eu poderia pensar acerca do que era um artista. A personificação da arte. Nunca me dediquei a pensar o quanto poderá ter esta visão de ingenuidade e idealismo. De qualquer modo, nunca me senti desiludida.
     Maria João Pires é uma pianista de renome mundial, reconhecida internacionalmente como das maiores intérpretes de música para piano, particularmente clássica e romântica. 
    Acho que teve um sonho. Um sonho lindo. Maria João desenvolveu um projeto pedagógico em Belgais, com crianças de um meio eminentemente rural. Belgais era uma aldeia a cerca de 20 Km de Castelo Branco, bem longe da capital e de toda a sua poluição (literal e metafórica). As coisas não acabaram bem. Coisas deste género, neste país, dificilmente acabam bem. Muitas nem sequer começam. Aqueles que as podiam levar a cabo têm de deixar o país, simplesmente por não terem nele espaço...Às vezes de um modo natural, outras de um modo mais dramático e sofrido.        
      Quanto à música clássica, continuamos a ser um país "muito periférico", nas palavras de Artur Pizarro (http://upmagazine-tap.com/pt_artigos/artur-pizarro-toque-de-genio/) ou um país "onde só se tolera miniaturas", em que "o pequenino basta-nos". 
   "Olha, vais ter grandes problemas neste país. Nasceste num país de miniaturistas", teriam sido palavras de João de Freitas Branco ao então pequenino (literalmente...) António Victorino de Almeida, na altura com 6/7anos... (cf. Programa Entre Tantos, da TVI, em  http://tviplayer.iol.pt/programa/entre-tantos/5b4484e70cf2013c4279817e/video/5b6f57290cf282952f039677, no final, aos 23')
  
   O sonho de Belgais morreu. Atualmente Maria João Pires não vive em Portugal. Fixou residência e tem também cidadania brasileira.
     Deixo aqui a interpretação de Maria João Pires de um concerto célebre de Mozart, o Concerto nº 21, K. 467. Chegará o dia em que os meus netos, assim o creio, o hão-de ouvir. Neste caso, considero a filmagem, também, admirável. O preto e branco, a focagem no seu rosto belíssimo, na sua expressão, tanto quando toca como quando aguarda a entrada, toda a filmagem, incluindo a dos outros instrumentistas, é profundamente expressiva. Este filme é de Adrian Marthaler, como informa o autor da publicação no youtube, e revela uma obra de artista. Consegue acompanhar o concerto, sem provocar ruído ou distração. 

Espero que o youtube não retire este link...https://www.youtube.com/watch?v=NMQXIH0FH-E




Nota - Sobre Belgais, encontrei um texto muito interessante de Mário Castrim, datado de 2000, dirigido a um público juvenil em http://www.audacia.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EEuZplApklWtMNWLpN. Curiosamente, numa revista que acompanhou a minha infância, creio que desde o seu início, em 1966, a revista Audácia.

O Caracol não gosta de sol


O Caracol

O Caracol acordou.
Chegou a cabeça à porta da concha,
pauzinhos meio encolhidos, espreitou.
Dia não era, mas tanta claridade...
Seria a madrugada ou o fim da tarde?

Estendeu mais os pauzinhos,
os quatro que tem muito fininhos.
Nos maiores brilharam os olhos
muito vivos mas pequeninos
[vendo apenas luz e sombra].
Nos outros dois, como dois radares
que não precisam de rodar,
abre-se o olfato par a par.

Bem desperto e muito atento
o Caracol olhou para o chão,
depois para o ar, para o céu.
Era a Lua a passear.
- Muito bem!, disse contente,
Se a Lua anda na rua 
é porque o sol está deitado
Posso ir à vontade!


Excerto de um poema de Marina Algarvia in Histórias nunca lidas..., Lisboa, F.C.G.,VII série, 5, 1991, p. 48-49 (adapt.)

Nota - O que aparece entre parênteses reto e a itálico é da minha responsabilidade. A imagem foi retirada de https://pt.dreamstime.com/imagens-de-stock-desenhos-animados-bonitos-do-caracol-na-folha-image39807054

Caracol não põe os pauzinhos ao sol...

Já aqui temos falado do caracol. Animal que convive muito bem connosco nos quintais e nos jardins. Bem gostava eu, quando era pequenita, de os atormentar fazendo-os ora sair ora esconder dentro da concha, tocando nos seus pauzinhos espetados e entoando a cantilena...

caracol, caracol, põe os pauzinhos ao sol

retirada de https://descla.pt/2018/07/16/festival-internacional-do-caracol-em-castro-marim/



Não, não, ao sol é que ele não põe os pauzinhos... Gosta de comer coisas verdes e tenrinhas, com os seus muitos dentinhos, mas à fresca... O seu corpinho mole gosta de humidade, por isso precisa de vez em quando de nela se resguardar.








Imagem retirada de https://br.depositphotos.com/48297813/stock-photo-snail-shell-on-tree-trunk.html