Esta foi a segunda carta-história, a acompanhar um casaco (está algures neste blog) que era para ter seguido pelo correio (à última da hora teve portador).
UM ELEFANTE NUMA CAIXINHA
Vou contar-te uma coisa especial que me aconteceu:
Era de manhã e já tinha tomado o meu café. Estava contente por ter conseguido acabar o casaco para ti e também porque o vento já se tinha ido embora. Ele gosta muito de soprar e na noite anterior até tinha assobiado: Uhhhhhhhhhh…Uhhh….. e abanava mesmo os vidros das janelas! Até parecia que estava zangado! O vô G. acha graça a tanto espalhafato! Ri-se do estardalhaço que o vento faz. Mas eu, Joãozinho, não gosto mesmo nada e prefiro que o vento sopre e vá assustar para outro lado! Mas como ia dizendo… eu estava toda contente e só me faltava arranjar uma caixinha, pôr lá dentro o casaco, ir aos Correios e enviar a encomenda para ti. O pai ou a mãe iriam levantá-la e eu logo havia de saber se o meu querido neto tinha gostado desta surpresa! Mas vendo bem, ainda me faltava fazer muita coisa! Disse ao avô que já vinha, meti-me no Fiat Punto e sigo para a cidade! Lá vou eu, a guiar com cuidado, arrumo o carro no parque de estacionamento, saio, não me esqueço de trancar o carro, e sigo em direcção à Papelaria para comprar a tal caixinha. Estou eu na papelaria quando ouço uma voz que não conhecia a chamar-me: «Vó L., Vó L.…»
Quem podia ser? Só o Joãozinho me podia chamar assim!! Mas o Joãozinho estava com os pais em Vagos! Eu estava intrigada…olhei em volta e não vi nenhum menino! E era uma voz de menino, isso é que era!
- «Vó L., não tens um neto chamado João que gosta muito de animais?»
Comecei logo a responder mesmo sem saber quem era o dono dessa voz.
- «Ah pois tenho, tenho! Adora tudo o que se refere a animais. Tem muitos, gosta muito de os visitar e gosta muito de livros que falem deles! Mas… quem és tu? Onde estás?» Antes de ouvir outra vez aquela vozinha, ouvi uma gargalhada…
- Ah… Ah …Vocês os adultos são mesmo distraídos! Andam por aí, de nariz empinado e não vêem o que é importante! Aposto que se estivesses com o João, ele já me tinha visto!!!».
Fiquei um bocadinho ofendida! Um ser minúsculo, sim, devia ser minúsculo para que eu o não visse, a dizer mal de mim… (Bem… na verdade, isto só para nós, tenho que reconhecer que sou um pouco distraída…)
Nisto, olho e vejo uma prateleira cheia de animais… camelos, dromedários (pergunta ao pai se ele se lembra dos dromedários que não gostam nada que os confundam com camelos…), leões, rinocerontes e… um elefante pequenino que me diz logo: «Estava a ver que nunca mais! Não vês como estou aqui sozinho!... Estes animais não me interessam e – neste momento ficou triste – já daqui levaram os meus pais… Agora só me resta um menino que goste de mim! E largou um sorriso tímido (que eu bem vi por baixo da trombinha)...»
- Acertaste em cheio! O meu neto é a pessoa certa! Levo-te comigo e vais para ao pé do Joãozinho, escondido neste casaco (e mostrei-lhe o casaco que levava comigo) e dentro desta caixinha…
Não foi mesmo uma coisa bonita que me aconteceu?!!!
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