Esta foi a primeira carta dos avós para o J. Uma carta-história a acompanhar uma «casa de caracol» dentro de umas luvas bem quentinhas...:
CARACOL, CARACOL PÕE OS PAUZINHOS AO SOL
O avô estava a regar o jardim quando ouviu numa voz muito sumida:
- Onde está o J.?
O avô ficou muito espantado e a voz continuou:
- Sim, o J. No outro dia estava aqui contigo.
O avô olhou em volta e não viu ninguém. Até que olhou para baixo e lá estava, pequenino, um caracol, um lindo caracol!
- Caracol, caracol põe os pauzinhos ao sol!!
Disse o avô rindo.
- Não desvies a conversa. Onde está o J.?
Ripostou o caracol, com um tom já impaciente...
- Não está cá.
Apressou-se a responder o avô. E continuou:
- O J. está na sua casa.
- Na sua casa?!
Agora é que o caracol ficou espantado. Tão espantado, que abriu a sua boca pequenina.
- Os meninos têm casa? Uma casa como a minha? Andam com ela às costas? Nunca tinha reparado!
- Não - respondeu o avô a rir, a rir às gargalhadas de boca aberta...E continuou:
- A casa dos meninos não é como a tua. Aliás, a casa dos meninos, dos pais, dos avós... nenhuma é como a tua.
- Não?!- continuava o caracol muito espantado, de olhos muito esticados...
- Pois- continuou o avô - só tu tens essa casa tão bonita sempre contigo.
- Achas a minha casa bonita? - perguntou o caracol já todo vaidoso.
- Linda! - ouviu-se agora a voz da avó, que tinha vindo ver o que se passava no jardim.
- Caracol, caracol põe os pauzinhos ao sol - disse a avó numa voz cantada, sempre a sorrir.
O caracol, que estava sempre a ouvir «caracol, caracol pões os pauzinhos ao sol», nem ligou... o que ele queria saber era do J.
- Ó avó, tu sabes onde está o J.? Aquele menino tão bonito que esteve cá no outro dia? Ele não me viu, mas eu vi-o!!
- Então, o avô já te disse que o J. está na sua casa...
- ...Que não é como a minha - completou o caracol.
- Pois... - respondeu a avó assentindo com a cabeça.
- E o J. sabe?
- O quê? Que a tua casa é assim tão bonita e que andas com ela às costas?
O caracol acenou com a cabeça, com ar de quem estava a pensar. A avó respondeu:
- Acho que não. Mas proponho-te uma troca e fazemos-lhe uma surpresa!
- Como?
- Tu dás a tua casa ao J. e eu deixo que fiques na minha!
E assim foi. A avó tratou de tudo para que o avô, ainda nesse dia, enviasse pelo correio a surpresa...
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