O Caracol
O Caracol acordou.
Chegou a cabeça à porta da concha,
pauzinhos meio encolhidos, espreitou.
Dia não era, mas tanta claridade...
Seria a madrugada ou o fim da tarde?
Estendeu mais os pauzinhos,
os quatro que tem muito fininhos.
Nos maiores brilharam os olhos
muito vivos mas pequeninos
[vendo apenas luz e sombra].
Nos outros dois, como dois radares
que não precisam de rodar,
abre-se o olfato par a par.
Bem desperto e muito atento
o Caracol olhou para o chão,
depois para o ar, para o céu.
Era a Lua a passear.
- Muito bem!, disse contente,
Se a Lua anda na rua
é porque o sol está deitado
Posso ir à vontade!
Excerto de um poema de Marina Algarvia in Histórias nunca lidas..., Lisboa, F.C.G.,VII série, 5, 1991, p. 48-49 (adapt.)
Nota - O que aparece entre parênteses reto e a itálico é da minha responsabilidade. A imagem foi retirada de https://pt.dreamstime.com/imagens-de-stock-desenhos-animados-bonitos-do-caracol-na-folha-image39807054
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