terça-feira, 28 de agosto de 2018

E o terceiro rei de Portugal, quem foi?

D. Sancho I, segundo rei de Portugal, faleceu com 56 anos. Bem mais cedo do que o seu pai, D. Afonso Henriques, que faleceu com 76 anos e que  governou 42. Isto foi muito tempo, pois nestas épocas passadas muito poucas pessoas viviam tanto! Foi mesmo dos reinados mais longos de Portugal o de Afonso Henriques! D. Sancho governou cerca de metade do tempo de seu pai, 26 anos (de 1185 a 1211).
    Sancho tinha sucedido a Afonso por ser seu filho. Agora será a vez do filho de Sancho suceder a seu pai. E temos assim... outro Afonso, tal como seu avô. 

Chegou a vez de Afonso II, terceiro rei de Portugal!!!


imagem retirada de: http://ensina.rtp.pt/artigo/nasce-d-afonso-ii-1185-1223/

    Já os meninos estão a perceber que os reis são reis por serem filhos de reis... Isso quer dizer que a Monarquia é hereditária. Com alguns pormenores, visto que só herdava o trono o primeiro filho varão, quer dizer, o primeiro filho do sexo masculino.

   E o que fez este novo rei, Afonso de seu nome, e segundo, para não se confundir com o seu avô? Que fez D. Afonso II no seu reinado de apenas 12 anos, cerca de metade do de seu pai? Era quase impossível não se meter em guerras. Era o que de mais comum havia para um rei. Assim, lá teve de ajudar o sogro, que lutava contra os mouros no reino de Castela, e também reconquistou para Portugal Alcácer do Sal.
     Porém, este rei não parecia muito preocupado com guerras e lutas, embora algumas tivessem vindo ter consigo. Então não é que até as suas três irmãs, Mafalda, Teresa e Sancha, senhoras donas de castelos doados pelo pai, entendiam que deviam ser donas, senhoras e rainhas? Isso é que não podia ser. Num país não pode haver mais do que um reino! 
   A Igreja e o seu mais alto representante, o Papa, na altura, tinham muito, muito poder. Até mandavam nos reis se fosse preciso!! Então Afonso arranjou maneira de meter o Papa ao barulho, que é como quem diz, arranjou modo de ser ele a resolver o problema. Pois lá se encontrou uma boa solução... rainhas, sim, mas pouco.  Rainhas nas suas terras que eram, por sua vez, terras de Portugal. Lá ficaram com algum poder e ao que parece não houve mais complicações. Às vezes, é assim, o que as pessoas querem é mandar. Desde que mandem um pouco já ficam satisfeitas. Ora, este rei que era rei mesmo, tinha que mandar!!! Por isso, pensou numa boa maneira de garantir que quem mandava em Portugal eram os portugueses que lá viviam e o seu rei. Foi assim que teve a ideia de reunir representantes da nobreza, quer dizer, aqueles que habitavam no reino e tinham riqueza, poder e prestígio (e queriam ter cada vez mais e sempre riqueza, poder e prestígio) e do clero, quer dizer, aqueles que habitavam principalmente nos mosteiros, que sabiam ler e pintar bonitas iluminuras e que detinham também riqueza, poder e prestígio (e que queriam cada vez mais e sempre riqueza, poder e prestígio, tanto na terra como nos céus). Portanto, reuniu-se com quem era parecido com ele, e, o povo, que trabalhava, trabalhava, trabalhava sem ter alguma vez riqueza, poder ou prestígio ficou de fora dessas reuniões. Mas naquele tempo as coisas passavam-se assim, e durante muito tempo assim continuaram, o que não quer dizer que os reis, pelo menos alguns, não se preocupassem com o povo. Este até foi um deles.
     Reuniu-se o rei com a nobreza e o clero nas primeiras cortes de Coimbra em 1211! Há quem diga que este facto foi dos mais importantes do seu reinado! Por que será? É que foram decididas leis. Isso mesmo, leis. Leis escritas num papel para ninguém se esquecer e toda a gente cumprir. Até o Rei! Essas leis procuravam que houvesse uma ordem respeitada por todos e que fosse considerada como justa. Por exemplo, determinavam que os que trabalhavam nas terras dos senhores podiam vender uma parte dos produtos que produziam. Parece muito evidente, não é? Não, porque era habitual terem de dar praticamente todas as suas colheitas aos senhores das terras onde trabalhavam. Ficavam só com pouco, muito pouco, tão pouco que eram muito pobres e sempre continuavam  muito pobres. 
     E havia muitas outras leis.  Por exemplo, o clero que gostava muito de ter terras, não podia adquirir assim tantas como queria. D. Afonso II queria um reino onde ele fosse um rei que mandasse (e não os outros nobres ou a igreja) e um reino com leis que fossem respeitadas para que a vida das pessoas, e do reino no geral, pudesse ser mais organizada e não estivesse sempre dependente daquele que fosse mais forte, mais bruto, com mais armas e mais poder. 
     Um bom esforço, Afonso!! (Quase que rima).

    As cortes foram tão importantes que, até no século XX, um artista, Guilherme Duarte Camarinha, criou um extraordinário desenho ilustrando as primeiras cortes de Coimbra, como sempre são referenciadas, para as habilidosas tecedeiras de Portalegre transformarem numa bela tapeçaria. 

Imagem retirada de https://justica.gov.pt/blogue-justica/Blogue-da-Justica/As-primeiras-cortes-em-Portugal
    D. Afonso II, apesar de ter falecido cedo, com apenas 38 anos, ainda teve 5 filhos da mulher com quem casou e, continuando a tradição familiar, mais outros 2 de outras damas.  

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