7 anos. Descobre-se que o Pai Natal não existe.
Foi a primeira coisa que o J. disse, ainda no aeroporto, enquanto esperavamos pelas malas.
- Sabes que o Pai Natal não existe?
- Quem disse?
- Um amigo meu.
- Pois.- é a melhor resposta quando não se tem nenhuma. Foi bom o J. continuar a falar da sua descoberta com grande naturalidade, pois eu estava a sentir-me comprometida sem saber o que dizer. Como habitualmente, socorro-me do avô.
- Temos que contar isso ao avô. - E pouco depois do reencontro, a conversa foi retomada. Acho que com receio de ficarmos mal vistos, procurámos sair do dilema:
- Avós, gente crescida, a acreditar no Pai Natal? Bahaa...
Ou
- Avós, gente crescida a pregar partidas, a dizer inverdades (como agora sói dizer-se)??!!!.
Lá fomos dizendo que isso do Pai Natal não é bem, bem, não existir. Não existe daquela forma, um homem rechonchudo de barbas brancas e de barrete encarnado (apesar do avô ser bastante parecido com ele!!), mas existe um bocadinho. E lá fomos explicando a teoria do existir um bocadinho, do existir de outra forma... e da necessidade da existência. Conversa muito filosófica, pois.
Acho que o J. percebeu e não ficou muito preocupado com eventuais contradições. Apoiado no dado insofismável da notável parecença do avô e do Pai Natal, resolveu o problema:
- Vou dizer ao meu amigo que existe, mas é o meu avô!!!!!"
Parece-me que, melhor do que nós, as crianças entendem que a razão não tem que se opor à imaginação, nem a realidade ao sonho e à fantasia.
Ambas as imagens foram retiradas de http://chicana.blogs.sapo.pt/tag/natal |
Sem comentários:
Enviar um comentário