quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Isto não é de avó


ANTÓNIO RAMOS ROSA, o poeta que deixou de escrever aos 88 anos.
E que, pelo ano de 2001, publicou, no livro «As palavras», este poema:

«A palavra é o desejo do espaço e o espaço do desejo
Para que tudo o que em nós é confuso e vago
se transforme em leve arquitectura
com janelas para o mar ou campos ondulados

Não sabemos de onde vem esse desejo incandescente
se é do sangue da terra ou de um voluptuoso vento
e por isso ignoramos se o que escrevemos coincide
com o que em nós se cala numa intérmina neblina

Mesmo quando a palavra é transparente e nua
nunca elimina esse silêncio de montanha imersa
e assim o que nunca foi dito ficará não dito
tão inatingível como a monótona claridade do dia»


Os meus netos estão a entrar neste mundo das palavras, com todo o entusiasmo da descoberta.
Chegará o tempo em que serão capazes de pensar sobre as palavras que lhes ensinámos, adivinhar as palavras que calámos, descobrir as palavras que não conhecíamos...
E saberão que as palavras são tudo o que temos e que esse tudo, sendo muito, é sempre pouco...
Chegará também para eles o tempo da descoberta dos poetas, desses artífices da palavra.Assim, faremos o tempo desaparecer e todos nos encontraremos num mesmo presente.

3 comentários:

  1. Deixo um link de uma pessoa que me é especial e usou a mesma foto que tu quando postou António Ramos Rosa.
    Bj

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  2. Bolas, esqueci o link
    http://eporquenaodizer-se.blogspot.pt/

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  3. «Estou vivo e escrevo sol». Não vou esquecer.Obrigada,minha amiga.
    Bjs

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